A Covid-19 levou as grandes cadeias de retalho a apostarem ainda mais na compra a produtores locais, reforçando uma estratégia que já vinham a implementar para aumentarem a sua sustentabilidade.
A sustentabilidade, nas suas três vertentes. e um maior interesse dos consumidores pelos produtos nacionais, tem levado as. adeias de retalhos aumentarem as suas compras nacionais e até locais, rentabilizando também da melhor forma as suas cadeias logísticas.
Ondina Afonso, presidente do Clube de Produtores Continente (CPC), assegura ao Negócios que "independentemente da situação económico-tinanceirado nosso país, a Sonae MC desenvolve, desde 1998, uma relação próxima com produtores do setor agroalimentar e agropecuário - através do Clube". Mas salienta: "Ajudar os produtores portugueses no escoamento de produtos essenciais, nesta fase de emergência nacional, foi e continua a ser o objetivo do Continente ao abrir a integração de novos membros no CPC. Em março lançámos o convite e, em apenas duas semanas, acolhemos mais de 40 novos membros".
Também Bruno Pereira, administrador de compras do Lidl Portugal, nos diz que "faz parte da génese do Lidl o apóio à produção nacional e a garantia de uni trabalho de proximidade com os seus fornecedores e produtores nacionais, privilegiando parcerias de longo prazo":E,"neste momento dificil estamos conscientes da importância dos nossos compromissos perante um contexto adverso.
Podemos afirmar que, na categoria de Frutas e Legumes, nos meses de março e abril, aumentámos a compra dc artigos nacionais em aproximadamente 2.5% quando comparado com o ano passado.
A presidente do CPC adianta que "já estávamos a aumentar as compras à produção nacional mesmo antes da pandemia. A título de exemplo, no 1.0 trimestre do ano, comprámos mais de 71,3 milhões de euros à produção nacional, um aumento de cinco milhões face ao período homólogo (...) de um modo transversal, em todas as categorias, desde a carne com forte incidência junto dos produtores das raças autóctones aos queijos-tradicionaisa frutos e legumes".
Setor dos queijos muito afetado com covid-19
Ondina Afonso refere que "de facto, os queijos tradicionais foram uma das categorias mais 'fustigadas' com a crise sanitária e, como forma de ajudar ao escoamento de produtos Cmicose de excelência, organizámos a Feira de Queijos de Portugal, onde ao final de três Semanas se venderam mais de 100 toneladas de queijos portugueses".
Bruno Pereira afirma igualmente que "o Lidl está a trabalhar com outros fornecedores não habituais, no seguimento do apelo do Ministério da Agricultura, para que os retalhistas alimentares associados da APED [Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição] aumentassem as suas compras, a categorias de produto como, por exemplo, os queijos, por forma a garantir o escoamento de pequenos produtores, que viram encerrados os seus canais tradicionais de venda. Nesse sentido, temos disponíveis novos queijos nacionais'em loja, como forma de apoio à produção nacional. O setor dos queijos está a ser bastante afetado pelo contexto da covid-19, ao perder, no canal Horeca, muitas das suas vendas".
O CPC trabalha com várias organizações de produtores "conseguindo-se uma otimização no armazenamento e transporte (...) facilitando assim os processos logísticos", por seu lado, o Lidl "aposta já numa estratégia de simplificação da logística e da sua cadeia de distribuição, prezando não só por uma otimização da ocupação dos camiões, mas pela otimização das rotas", sulinha Bruno Pereira'.
Fonte: Jornal de Negócios